O QUE À IGREJA CUMPRE FAZER

pelo Pastor Rev. Dr. Israel Vieira Ferreira. Em 16 de agosto de 1942

A Igreja deve ser o farol, a luz; nela deve residir a Lâmpada, não apagada, e sim com óleo", disse o Doutor Miguel, à página 235 d' "O Cristo no Júri", livro este editado em 1891.

 

Sendo assim, à Igreja cumpre ministrar aos homens aquela doutrina sã que conduz à vida, instruindo o povo de acordo com a verdade contida nas Sagradas Escrituras.

A luz do céu deve, portanto, refulgir em seus ensinos aclarando o entendimento humano a fim de que a criatura, discernindo entre o bem e o mal, possa caminhar a passos firmes ao encontro daquele manancial de vida, paz e luz, donde lhe advirá não somente a felicidade terrena, mas, também e principalmente aquela que perdura por todo o sempre.

Ora, a Verdade é Deus, em Jesus Cristo, esposo de nossas almas. Assim, a missão da Igreja é levar os homens a Cristo, fazendo com que a criatura, reconhecendo o amor de Deus, para com ela sempre manifestado, sinta necessidade de se afastar do mal e trilhar o caminho de santidade e justiça que conduz à bemaventurança eterna, oferecida a todo aquele que crer que o sangue de Cristo purifica de todo o pecado.

E é por isso que o ensino doutrinário deve ser gradativo, conciso, porém, muito explícito.

O pregador não deve procurar exibir os conhecimentos seculares que possui, na enunciação do sermão que profere; mas, deve esforçar-se por gravar no coração do ouvinte a doutrina que expõe, a fim de que ela possa aí produzir fruto.

A palavra de Deus claramente nos ensina, dizendo, que a Igreja do Senhor é Santa, porque a Igreja é a Esposa do Cordeiro.

Evidentemente, a fidelidade absoluta e uma obediência perfeita à vontade do esposo, são condições indispensáveis à verdadeira esposa.

Logo, a Igreja deve ser fiel aos preceitos de seu divino Mestre, com o qual necessita estar em comunhão perfeita a fim de que lhe sejam por Ele transmitidas as bênçãos e graças que a ela foram predestinadas.

Quando, porém, a Igreja se afasta da verdade e, abandonando as ordenações e ensinamentos divinos, prega aos homens o culto dos ídolos ou mesmo a inutilidade da comunhão com Cristo, ela tem caído em erro profundo: ela se tem transviado, tornando-se extremamente prejudicial às almas incautas.

A Igreja do Senhor não é constituída pelas paredes do edifício onde celebramos nossos cultos, mas, pela reunião dos fiéis.

Assim, também, o Templo do Deus Altíssimo não é o recinto onde nos encontramos congregados, mas o coração do crente.

Daí o caber aos membros desta Igreja responsabilidade mui grande pelo uso que fizerem das graças que Deus com abundância lhes concede.

Essa responsabilidade é de caráter espiritual porque se refere aos deveres que lhes são impostos por Aquele que, recolhendo-os a seu aprisco, diz às suas ovelhas : - Se me amais, guardai os meus mandamentos

Os deveres religiosos do crente, porém, tomam feição social, quando ele entra em contato com seu próximo.

Torna-se, portanto, indispensável que o crente seja um exemplo vivo da fé que professa, a fim de que o nome do Senhor seja por seu intermédio glorificado sobre a terra.

São Paulo diz que a fé sem obras é uma fé morta. Ora, as obras não dão salvação, mas deixam transparecer em si a fé que existe no coração do homem.

Jesus Cristo assevera que a boa árvore não poderá deixar de dar bons frutos. O crente é o sal da terra.

O crente é a luz do mundo. Se o sal perder a sua força, para nada mais ficará servindo senão para ser lançado fora e pisado dos homens, diz a palavra divina. Se a luz que no crente existe são trevas, quão grandes não serão essas mesmas trevas! É preciso que a luz que o crente possui luza para beneficiar seu próximo e para que, por seu intermédio, o nome do Altíssimo se venha a exalçar e glorificar neste planeta.